domingo, 10 de novembro de 2013

A Importância do Piaçaba na nossa Sociedade

Desafio do Nuno Pereira

No limiar das nossas forças, e em situações de grande dificuldade, surgem sempre grandes ideias. Muito por influência do que nos rodeia. Uma revista no chão. Um rolo de papel higiénico. O bidé. E mesmo aquela estranhíssima escova de dentes gigante: o piaçaba. Confesso que sempre achei o Feng Shui sanitário muito inspirador. A casa de banho possui um incrível poder. Consegue retirar o melhor e o pior que há em mim. E sempre quando estou sentado na sanita.

Nos momentos de grande concentração, patrocinados pelo meu drunfo intestinal, várias questões de importância capital assolam a minha mente. Será que as pessoas cegas conseguem ver os seus sonhos? Será que as agulhas para as injecções letais dos condenados à morte são esterilizadas? Será que o papel higiénico vai chegar? É incrível nas merdas em que uma pessoa pensa enquanto caga.

Num desses grandes momentos de reflexão, comecei a olhar para o piaçaba doutra forma, e percebi o quão é importante numa sociedade moderna. Muitos consideram o seu valor discutível, e menosprezam a sua utilidade. Estes habilidosos do sem-espinha são indiferentes a terrível crise identitária que ele sofre. Verdadeiro Patinho Feio das casas de banho é gigante no mundo das escovas-de-dente e anão no reino das vassouras.

Mas na verdade, o piaçaba é mais que um utensílio sanitário, é a ferramenta primordial para a nossa sobrevivência social. A sua importância transcende a sua existência física. A sua essência metafórica é o espelho do nosso comportamento em sociedade. As nossas vidas estão repletas de excrementos sociais. Porcaria que fizemos, voluntária ou involuntariamente  e da qual nos libertamos, nos limpamos. O piaçaba social intervém nestas situações, nos momentos em devemos proteger os que nos rodeiam. Evitar os danos “culaterais”.

Por norma, eu não gosto de usar as casas de banho dos outros. Quando o faço acontece sempre desgraças. Lembro-me de uma vez em que o piaçaba salvou a minha vida social e sexual. Nesse dia tinha ido jantar a casa da Joana, e sabia que o desfecho da noite só poderia ser um. Era noite de espalhar magia, entre outras coisas. Ela estava na cozinha quando senti a tragédia bater a porta. Eram gases, mas não só. Uma verdadeira “cocótástrofe”. Tentando libertar-me dessa trovoada intestinal, fui a correr para a casa de banho. Maldito cozido da véspera. E depois de alguns minutos de esforços imensos, ganhei finalmente a luta contra a minha barriga. E num gesto vitorioso, como que mandando foguetes, puxei o autoclismo.

Mas infelizmente, tinha cantado vitória cedo demais. No fundo da sanita, permanecia o esforço dos minutos anteriores, o cocó rebelde. Estupefacto puxei novamente o autoclismo. Mas incrivelmente, e num esforço quase sobre-humano, o meu cocó resistia no turbilhão da sanita. Ele parecia insubmersível. Nunca vira um assim. Uma verdadeira força da natureza. Ao menos tempo, estava a espera de quê? É meu. Num ato de desespero, puxo novamente o autoclismo, e digo adeus ao meu bravo cocó com um misto de alívio e tristeza. Mas não fora embora sem lutar, e deixara as marcas da sua resistência na sanita. Felizmente, havia uma piaçaba por perto e eliminei as provas do crime.

Logo depois fui ter com a Joana, e disse-lhe que deveria chamar um canalizador para arranjar a casa de banho. É inadmissível ser preciso puxar 3 vezes o autoclismo por causa de uma mijadazinha de nada. Nessa noite, o piaçaba salvou-me a noite e verifiquei que é realmente o instrumento ultimo para sobrevivência social.

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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

As Intempéries: Para que servem?

Este tema foi sugerido pela Nélia Olival

Nunca fui muito adepto das intempéries. Pode parecer estranho, e até capaz de desfazer o mito da minha grandiosidade, mas sou como qualquer pessoa. Não gosto do mau tempo. Como o mais comum dos mortais, está nos meus predicados estar avesso à qualquer tipo de condição climatérica adversa. Dê-me sol e fico contente.

O sol traz-me felicidade por vários motivos, mas o principal é a influência determinante que ele tem sobre a indumentária feminina. Quanto mais sol, menos roupa. E nem é preciso estar muito calor, bastam uns raios solares mais intensos,e o objectivo primário dos homens, despi-las, está facilitado. Nem que seja com o olhar. Sendo que é dificílimo desnudar mentalmente alguém que está protegido aproximadamente por sete peças de vestuário. Sim! Eu contei! 

Mesmo sendo um fervoroso opositor do frio, só pactuo com esse abaixamento de temperatura quando faz com que algumas senhoras permanecem totalmente tapadas. Apesar de La Bruyère ter dito que não existem mulheres feias, só existem aquelas que não sabem fazer-se belas”, para elas, no intuito de poupar os olhos sensíveis (e farto de despir lindas damas), deveria reinar um intenso calor soviético.

A chuva é outro fenómeno climatérico que abomino, mas menos que o frio. Consigo sempre encontrar um abrigo para me proteger da chuva. Mas o frio tem a capacidade de me perseguir até os confins dos edredons. Mas voltando às precipitações (pluviométrica), nome técnico da chuva, e tão adequado. Logo que chova, precipito-me para me proteger dessa humidade. Humidade que desaprovo. Quando estou com uma mulher gosto que ela fica húmida por causa das velas, incensos ou qualquer tipo de assessório ou estratégia que eu tenho utilizado, não porque lhe caiu um diluvio em cima.

A dança da chuva é outra coisa que me faz confusão. Sabia que as cantigas de algumas pessoas fazia chover, agora dançar. Quem é que dança para chover? Eu sei que os índios tinham a mania de o fazer, mas olhem o resultado. Tanta dança e acabaram em reservas ou pior. A chuva não lhe valeu de nada. Imagino índios prestes a serem atacados pela Cavalaria Americana: “Eia! Tantos! Não temos hipóteses! É melhor usarmos a nossa arma secreta: a dança da chuva! Os gajos molham-se todos, depois constipam-se e tá no papo!” Com a história como testemunha, a chuva não impediu a vitória da cavalaria. Resumindo, e concluindo, a chuva não serve para nada.

Volta Sol! Estás Perdoado!


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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Os Encontros à distância

Este tema foi sugerido pela Maria João

O mundo está recheado de mistérios por desvendar. Perguntas que perduram e ficam sem resposta, questões pertinentes tal como esta: “Será que os analfabetos sentem o mesmo efeito ao comer sopa de letras?”. Existem noções tão complexas que me dilaceram o intelecto (isso e as telenovelas, a Casa dos segredos e as Tardes da Júlia, e muitas outras coisas) como por exemplo os relacionamentos à distância. Mas afinal o que é isso?

Confesso que essa modalidade amorosa me provoca uma certa confusão. Não por não estar familiarizado com os conceitos “relacionamento” e “distância”, o meu último relacionamento está bem distante, no tempo (andava na pré) e no espaço (ainda vivia em França). Não é suposto uma relação ser feita de proximidade? Tanto física como de afinidade. Então como podes namorar uma pessoa que está longe? Eu não digo que não seja possível, mas é algo humanamente castrador. Sim porque se não queres trair a tua cara-metade com uma qualquer, existe apenas uma solução. Encher a velha Wendy, fazer como antigamente e esperar que os remendos não rebentem. Mas ter namorada, não é para dar descanso a Wendy?

Tive pensar durante algum tempo, mas acho que encontrei a forma das “relações à distância” resultarem. E o melhor é, que a solução, nada tem a ver com tretas como o amor, a fidelidade, a confiança ou a lealdade. Para resultar mesmo uma “relação à distância” tem de ser iniciada após vários “encontros à distância”. E o que são “encontros à distância”? Foi a única forma que arranjei de alguém sair comigo, mesmo tomando banho e usando a roupa do domingo.

Para um melhor entendimento deste novo conceito, nada melhor que contar como surgiu esta ideia e como correu esse primeiro encontro. Há pouco tempo, num fugaz fim-de-semana, conheci uma jovem. Até aí nada de anómalo. O estranho foi, e mesmo falando pouco um com o outro e sem motivo aparente (obviamente ela estava embriagada ou/e sob o efeito de estupefacientes), termos trocado os números. Para que consta não trocamos mesmo, eu fiquei com o meu e ela com o dela. Pronto. Vocês entenderam.

O único senão, é que ela vive a 100 km de minha casa (1 hora de distância), e apenas para bebermos um café. Pelo menos numa fase inicial, eu não gosto de apressar as coisas. Mais tarde poderemos passar para o cappuccino. Pior ainda, entre a minha disponibilidade e a dela teríamos cerca de 10 minutos para esse tal café. 

Imagino a minha mãe: “Onde vais?” “Beber um café” “Com quem?” “Uma mulher” “Então vai! Talvez seja desta que sais de casa! Mas vais demorar muito?”Não 2 horas e 10 minutos, mas são 2 horas de viagem!” “Mas vais tão longe porquê? Não há cafés e mulheres por cá?” “Haver… Há mas a mulheres que queiram beber um café comigo não!”.


Pensando bem achei que a distância não iria compensar, pelo menos com uma viagem de carro, e tentei alugar um helicóptero, mas o único disponível estava no Intermarché. Mas entre a quantidade de moedas que iria precisar e o facto de ir ao colo do Homem-Aranha, repensei na forma de encontrar com ela. Foi nesse momento, que tive uma ideia de génio. Um encontro através da Webcam. Um verdadeiro “encontro à distância”. Cada um do seu lado a beber café e sem desperdício de tempo. No dia do encontro não facilitei, tomei banho, na parte de cima vesti-me a preceito, na parte de baixo estava de pijama e chinelos. O encontro correu bem até dar faísca. Não por nos termos chateados, mas porque entornei o café em cima do teclado. Que azar o meu!

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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A Aloé Vera

Este desafio foi sugerido pelo João Rocha

Ainda bem pouco tempo, enfrentei o período mais negro da minha vida, fiquei sem luz. Como estava desempregado, tive de racionar as economias para os bens primordiais, e fazer escolhas, difíceis, mas óbvias. Entre pagar a luz, a água, e a assinatura da Playboy, escolhi, e não faria sentido outra coisa, a última. Mas pouco depois apercebi-me que sem electricidade é difícil ir a Internet  e num intuito meramente educativo, consultar toda a pornografia disponível.

Assim sendo, e como o saber não ocupa lugar, para alem que seria uma pena desperdiçar tanta informação púbica, achei por bem arranjar um trabalhito e acabei como vendedor de porta a porta de produtos de beleza. Em pouco tempo tornei-me no melhor amigo das mulheres, metrossexuais e de todos aqueles larilas que usam esse tipo de produtos. Para todos os que não queriam os meus produtos, tornei-me num autêntico terror, transformei-me num verdadeiro Jeová da Cosmética.

Foi através desta minha experiência cosmético-comercial que descobri a Aloé Vera, o Santo Graal dos produtos de beleza, e nas suas impressionantes e inúmeras aplicações em artifícios embelezadores. O que me faz mais confusão, quem, como e quando foram descobertas essas potencialidades. É que, e não querendo ser preconceituoso, aquilo é cacto. Uma cena que pica bastante.

Não sou nenhum especialista em cactologia, mas penso que aquele tipo de planta encontra-se nos desertos, e por norma, aqueles sítios quentíssimos, com a água rarefeita, e mal frequentado (muitos camelos são vistos naquelas redondezas) são propícios a devaneios desidratados.

O próprio nome, Aloé Vera, só pode ter sido fruto de uma profunda desidratação. Imagino um tipo, vagueando pelo deserto, e num ato de loucura agarra nesse tal cacto e grita: “Aloooooo! é a Vera?” “Mas tu não dizes nada? Não te oiço! Porcaria de rede…” “Olha lá! Não quero ser indelicado mas tu picas!”.

Uma coisa é certa, quando esse mesmo tipo foi encontrado, e depois de estar perdido no deserto durante montes de tempo, mesmo desidratado, tinha a pele extremamente bem tratada. A Aloé Vera faz milagres.

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A Sustentabilidade: Uma Desculpa Sustentável ou Apenas Sustentada?

Este desafio foi sugerido pelo João Rocha

Nos anos 90, ouvia-se muito falar do famoso “sistema”, que era o bode expiatório predilecto para justificar todos os males, muitos deles futebolísticos, mas também alcoólicos. No meu caso, esses dois males estavam intimamente ligados. Por sistema, e de forma sistemática, sempre que vejo um jogo regresso a casa bastante embriagado. Ora porque o meu clube ganhou, e tenho de festejar Ora porque perdeu, e tenho de afogar as mágoas. Ora porque empatou e tenho de afogar as mágoas por ter perdido 2 pontos, mas festejar por ter ganho 1.

Ultrapassada a culpabilização sistémica e sistemática do sistema, e porque esse termo ficou fora de moda, foi preciso arranjar um substituto a altura. E assim surgiu a sustentabilidade. Se o sistema era pau para toda a obra, a sustentabilidade, a maçã moderna do Jardim de Éden, o Gargamel da actualidade, aparece em tudo o que é sitio, em quase todas as conversas, e em momentos o tanto ou quanto inesperados.

A sustentabilidade até pode afectar a vida afectiva das pessoas. Foi o que aconteceu a um amigo de um amigo meu, por sinal muito inteligente, bem-parecido, muito sensual e estranhamente parecido comigo. Segundo alguns, e segundo a Ana, a sustentabilidade de uma relação pode ser posta em causa, pelo simples facto, de eu, ou melhor do amigo do meu amigo, não estar a trabalhar e de ela, me, quero dizer o, estar a sustentar. Não percebo como uma relação de 4 anos, durante a qual só trabalhei 1 semana, pode ser deitada assim para as ortigas. Posso não trabalhar, mas sempre que ela quer falar comigo, largo o comando da Xbox e não faço isso com toda a gente. Isso não é uma prova sustentada dos meus sentimentos? As mulheres são todas iguais, qualquer coisa serve para reclamar. A sustentabilidade é, não mais que, uma desculpa sustentável para sustentar uma reclamação sem sentido.

Vale a pena sustentar essa ideia? Ou será melhor regressar ao bom velho sistema?

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A espeleologia nasal rodoviária, ou a mestria de tirar macacos do nariz ao volante

Este Desafio foi sugerido pelo Bruno Sousa

Sou, por natureza, um condutor calmo e na maioria das vezes consigo controlar-me e evitar qualquer perda de controlo. É muito raro atropelar velhotas que teimam em demorar uma eternidade na passadeira. Até mesmo as arrependidas, aquelas que chegadas a meio da passadeira, voltam param trás.

Mas se há uma coisa que me tira do sério são os engarrafamentos. Quando estamos retidos num, não há como fugir. É nessas alturas que solto e começo a tirar macacos do nariz.



Como não são poucas as vezes que fico preso naquelas teias rodoviárias, para mim as macacadas têm sido intensas. Não é para me gabar mas já sou um mestre em tirá-los, qualquer momento da condução é propício a extracção de símios nasais, até a alta velocidade consigo fazê-lo. Antigamente quando enfrentava uma remoção mais complicada parava, ou aguardava até encontrar uma portagem ou um engarrafamento. Tornei-me, inclusive, num pro do “lançamento polegar”, técnica que consista em livrar-se do excremento nasal (EN) extraído, num simples gesto dedal. Nem sempre fui um guru nessa arte, e inúmeras vezes a trajectória do EN não foi a mais desejada. Ou acabavam contra o pára-brisas, o volante, ou pior ainda, contra o pendura que teve a infeliz ideia de subir no meu carro.
 
Como disse anteriormente, eu não gosto muito de engarrafamentos, é uma mania minha, gosto de chegar ao destino atempadamente, mas o ultimo até teve uma coisa boa. Pude constatar que não sou o único a aproveitar qualquer oportunidade para explorar as grutas nasais enquanto circulo nas estradas portuguesas. Depois com os vários condutores, que como eu estavam retidos na fila, decidimos fazer algo para passar o tempo. E assim nasceu, nas estradas portuguesas, a “macacada olímpica”, que consiste num lançamento de macacos. Infelizmente, não fui o grande campeão dessa prática. A grande vencedora conseguiu projectar os seus macacos até uns impressionantes 32 metros.

Mais tarde, soube que o engarrafamento foi provocado por um acidente, devido ao condutor estar a tirar macacos do nariz. Pelo menos é o que as provas indicam, assim como o dedo indicador do sujeito alojado na sua narina esquerda.

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domingo, 13 de janeiro de 2013

Porque é que as mulheres podem mostrar as pernas no trabalho e os homens não, sob risco de estarem vestidos de forma informal?

Este Desafio foi proposto pelo Edgar Carreira e Sofia Amorim

Nunca percebi porque não posso usar calções no escritório, quando a maior parte do tempo vou para lá fazer turismo. Também não percebo porque as gajas, desculpem as mulheres (não deixam de ser gajas) podem ir de saia e eu não? Convenhamos que ir de saia para o escritório seria um bocado estranho. A não ser…  A não ser que eu fosse escocês e o escritório fosse em Escócia. Nesse caso, ir de saia (ou kilt) seria um gesto bastante patriótico. Tão patriótico como ir embriagado para o emprego, após consumo massivo de Vinho do Porto, cerveja Sagres, tudo tenha álcool e seja nacional. Como seria bonito chegar ao trabalho um pouco enjoado, mas entoando o hino nacional. Não acham?

Sinceramente, não entendo a descriminação relativamente a roupa no trabalho. Um gajo de calções distrai o resto do pessoal? Mas uma gaja de saia, não? Há dias, a Rute foi com uma saia tão curta, mas tão curta, que num ápice passei do estado de acalmia ao estado de firmeza. Aquela saia mais parecia um cinto. Era definitivamente um sinto. Provavelmente, embebida em patriotismo, esqueceu-se de pôr a saia. Eu sou de opinião que se deve banir o uso de cinto nos escritórios. Usa-los torna-se num acto contraproducente. Devido ao cinto da Rute, passei mais tempo na casa de banho do que a trabalhar.

Tentei perceber de que forma os calções podem ser prejudiciais num local de trabalho, mas sinceramente não a razão para tanta inconveniência. Penso que este mito urbano existe devido a um energúmeno qualquer que um dia se lembrou de ir para o trabalho de calções. Talvez o paspalho do chefe não gostasse do que viu e desde aí, é mau levar calções. Mas qual a razão desse desagrado?

Será que o gajo tivesse tantos pêlos nas pernas, mais parecia um macaco, que a chefia e os colegas passaram o dia a mandar-lhe bananas, tornando o dia improdutivo (menos para os produtores de bananas)? Talvez estivesse num estado tão patriótico que pensou levar calções, mas afinal não tinha nada vestido? Possivelmente o problema nem foi dos calções, mas dos adereços que os acompanha, as t-shirts de manga-a-cave. Estas últimas têm a particularidade de deixar os sovacos ao leu, e ninguém vai trabalhar para aguentar os sovacos dos outros e dos cheiros que emanam. Não se podendo proibir os sovacos, proibiu-se os calções. Faz todo o sentido. Não?

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

As Caracoladas

Este Desafio foi proposto pelo Edgar Carreira e Sofia Amorim

Até bem pouco tempo nunca tinha ouvido falar em caracoladas e quando fui convidado para uma, fiquei muito intrigado, nunca tinha ouvido falar disso. Como todos quando tenho dúvidas sobre alguma coisa vou a biblioteca investigar. Estou brincar! Fiz a minha pesquisa na NET, onde descobri que as caracoladas são petiscos com caracóis. Quando soube isso, tentei escapar a essa petiscada alegando um encontro amoroso de última hora. Ninguém acreditou em mim, porque supostamente ninguém do seu perfeito juízo sairia comigo. O que é a mais pura das verdades e daí os meus encontros serem sempre com alguém saído do manicómio. Tanto insistiram que acabei por aceitar o convite, mas confesso que comer caracóis não me fascinou muito. Já se imaginou a comer os cabelos do Marco Paulo? Fiquei um pouco aborrecido de cancelar o encontro com a Sónia, ia ser a nossa primeira vez…sem o colete-de-forças.

Como gosto sempre de levar alguma coisa quando sou convidado, fui ao mercado em busca de vinho contrafeito. Aproveitando a sabedoria mercantil, tentei dissipar as minhas dúvidas relativamente aos caracóis. Os feirantes foram muito prestáveis, e a troca de muitos euros, explicaram o que são caracóis e nada têm a ver com cabelos.” Mas afinal o que é um caracol?” Perguntei eu. Um gentil feirante, com o nome Lelo da Purificação, rindo-se (talvez por estar familiarizado com a espécie) respondeu: “São aqueles bichos que andam com as casas às costas!” “Ciganos!? (Foi a primeiro coisa que me veio a cabeça, depois dos seios da Sónia que imaginava através do colete-de-forças) Eu não sou canibal!”. Com essa afirmação, o olhar gentil do homem tornou-se hostil, e percebendo que o mercado se tornara num lugar aterrador, preferi pôr-me na alheta.

Quando cheguei a casa dos meus amigos para a tal caracolada, alguém teve a bondade de me mostrar o pitéu. Assim percebi que mesmo sendo animais com cornos, a minha refeição não iria ser bifes. Afinal, ia comer aqueles ranhosos. Eu não percebo porque não disseram desde o início que ia comer lesmas com casca, tinha evitado muitas chatices.

Depois de saber, realmente ao que vinha fiquei logo enjoado. Alguns dos meus amigos alegaram que os caracóis (chamem-lhes o que quiserem) são muito mais asseados que as galinhas. Dizem que este animal, ao contrário dos galináceos, nunca pisa porcaria. Ele desvia-se. Pudera, como pode pisar alguma coisa se não tem pé, nem patas. As galinhas podem pisar aquilo que quiserem, eu deixo sempre as patas para os outros. Para ser franco o termo caracolada, também não me tranquilizou muito. Caracolada soa-me a bacanal de caracóis, e como sou um rapaz simples que não gosta de misturas, optei pelo frango no churrasco.

O Cronista da Parvoíce ©