quinta-feira, 5 de maio de 2016

A Viciação Chocolateira

Desafio da Rita Marcelo

Tenho um vício terrível! Não consigo resistir ao chocolate! Se vir um pedaço dessa guloseima não descanso enquanto não a comer. E isso só te dá com o chocolate?! Perguntam vocês. E com as gajas? Pois… Primeiro acho que o termo “gajas” é depreciativo para o género feminino e não é demonstrativo da beleza e inteligência das mulheres (O quê?! Agora é feminista?! Bateste com a cabeça?! Nada disso! Imagina que alguma jeitosa lê isto. É sempre bom manter uma imagem coisa e tal!). Segundo, passa pela cabeça de alguém eu comer “gajas”? Eu não sou canibal! Por último, visto a minha condição física actual, acho que é perceptível que a minha relação com o chocolate tem corrido melhor do que com as “gajas”. Portanto, vou jogando pelo seguro e vou continuando na minha aposta achocolatada.

Esta viciação chocolateira, como costumo chama-la, não tem sido fácil de gerir e digerir. A sua ingestão massiva trouxe-me alguns dissabores. Felizmente não faço alergia e não é pelo chocolate que tenho engordado. Não é só…se bem que… Não vamos falar das minhas formas. É melhor não. Fico deprimido e a depressão dá-me vontade de comer… chocolate. Na tentativa de resolver esse meu problema…não é bem um problema, uma vez que temos uma excelente relação… Mas mesmo assim, decidi inscrever-me no Chocoláticos Anónimos. Foi pior a emenda que o soneto! Nessas reuniões descobri que tenho um Síndrome de Tourette Achocolatado.

Para quem não sabe, o S.T.A. manifesta-se com uma espécie de grito de Ipiranga, mas a espectacularidade do mesmo. E digo isso, sem saber se é espectacular. Mas voltando a essa patologia peculiar. Sempre que vejo chocolate, ouço ou leio essa palavra, solto um grito: “CHOOOOOCLAAAAATEEEEE!” Confesso que pode ser incomodativo, principalmente para quem me acompanha. Direi mesmo que esta condição é prejudicial para a minha vida social. Desde que padeço de S.T.A. não posso ir ao Festival Internacional de Chocolate de Óbidos e passei a ser pessoa non grata nos super e hipermercados na altura da Páscoa. Sei que ouvir gritos achocolatados incomoda, mas francamente, um “CHOOOOOCLAAAAATEEEEE!” impedir-me de frequentar um local parece-me demais. As pessoas queixam-se por tudo e por nada.


O que me entristece mesmo, é a pseudo oportunidade perdida com a Rita. Há anos que tento convida-la para sair. E a resposta era sempre a mesma: NÃO! Queres ir beber um café? Não! Queres ir jantar? Não! Queres ir ao cinema? Não. Um dia, e não sei se por pena, ou porque tinha batido com a cabeça, aceitou. Eu sei que ela não estava embriagada porque assim que a vi pedi-lhe para soprar no balão. Ando sempre com um. Pode dar jeito. E como estava bom tempo, com um solinho bem agradável, decidimos passear. Corria tudo às mil maravilhas, mas o drama aconteceu. Maldita a hora que sugeri comer um gelado. Assim que chegou o cornetto, ouviu-se um “CHOOOOOCLAAAAATEEEEE!”. Ela levantou-se e nunca mais a vi. Até hoje. Rita… Se estás a ler isto… Ainda me deves o 1,30€ do gelado.

CHOOOOOCLAAAAATEEEEE!

O Cronista da Parvoíce ©

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Um Mundo Gigantesco

Desafio da Sandrine Marques

Palavras Impostas: batatas fritas, complicómetro, ginásio, impressão e porrada.

Desde pequeno espero pelo dia em que tornar-me-ei grande. Mas tendo em conta a minha

idade e o meu tamanho actual, tenho a impressão que esse dia não vai chegar. Todos teimam em dizer que não vou crescer, mas sei o milagre vai acontecer e um dia vou sentar a beira da cama e vou perceber a diferença de tamanho. Mas quando? Todas as manhãs acordo com a esperança da magia ter acontecido. “Fogo… Não consigo tocar o chão com os pés! Ainda não foi desta!”

Se eu soubesse o que sei hoje não teria comido tanta sopa. Os milhares de litros que ingeri não me potenciaram um tamanho mais imponente. Sinto-me enganado e pelos meus pais! Como puderam!? Afinal não se pode confiar nos crescidos. Devia é ter comido batatas fritas em vez de sopa. Mas visto bem, foi melhor assim, é que para além de baixo também seria gordo e não sei se as idas ao ginásio me ajudariam verdadeiramente.

Ser baixo tem certas vantagens, nomeadamente no que toca à porrada. Os meus adversários têm sempre dificuldade em me acertar e não é por ser um lutador à altura. Já perceberam que a altura não é a minha principal qualidade. A verdade é que na hora de lutar, eu desapareço como por magia, alguns acham que sou muito rápido, outros que tenho o dom da invisibilidade. Mas não é nada disso. Acontece que tenho de relembrar a minha posição, é frequente o meu opositor perder-me de vista. “Estou aqui!” “Onde?” “Olha para baixo!”

Eu não sou muito de lutas e não é só por medo das lesões que o meu adversário me possa infligir. Eu tenho medo é daquilo que possa acontecer, se eu decidir combater a sério. É provável que acabe o combate com um torci-colo e uma distensão muscular de tanto olhar para cima e querer acertar-lhe com um murro. Eu tenho um problema, não usar a tradicional e muito máscula técnica da cabeçada. Tendencialmente quando cabeceio alguém, não acerto na cana do nariz, mas na cana mais abaixo. E isso não é muito viril!

Já me perguntaram como é ver o mundo quando é ver o mundo quando se tem apenas 1 metro e 50. Eu respondo sempre: “Depende!” “Depende de quê? Lá estás tu a ligar o complicómetro!” “Nada disso! Depende se há muita gente quando quero ver o mundo. Se estiver num sítio muito lotado, o que vejo mais é pernas!”.

Acredito que quanto mais pequeno, mais a qualidade está concentrada, um pouco como o Fairy. Tenho mais qualidade, mais o mundo não deixa de ser gigantesco, cabe-me demonstrar que a altura não é sinonima de grandeza.

O Cronista da Parvoíce © 2016