segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Malvadez Sedutora

Desafio do Bruno Ferreira

Palavras Impostas: adeus, Adriana, cona-mole, esternocleidomastóideo, princesa, traição e zarabatana

Hoje acordei decidido em mudar a minha vida sentimental. A minha relação com a Natasha já não faz sentido. Ela nunca tem uma palavra amiga e está constantemente com aquele olhar fixo e reprovador. Para além que sempre que estou com ela, sinto-me asfixiado, sem folgo e isso não é saudável. Afinal sou asmático e custa-me imenso enchê-la todos dias.

Não aguento mais. Vou arrumá-la no caixote! Não vai ser fácil acabar a nossa amizade colorida (se bem que com o tempo e o desgaste a cor desvaneceu um bocado!), mas tenho de arranjar uma namorada de verdade. Chegou a hora de dizer adeus à Natasha. Mas pelo sim ou pelo não, vou ficar com o caixote por perto.

Vou precisar é de ajuda, não sou muito dotado no campo da sedução. Sinceramente não percebo as razões do meu insucesso. Eu sou charmoso! Desde que visto a uma distância de aproximadamente 2km. Estou a exagerar, basta 1km e não há risco de problemas oculares. Eu quando tenho um encontro faço sempre uma loucura, tomo banho. Tenho receio em admiti-lo mas acho que tenho um sério problema e não posso mais fugir às evidências. Sou alguém uma Capacidade Obtusa na Natural Arte Masculina da Obtenção de Leviandade Efetiva. Por outras palavras, um cona-mole.

Um amigo meu, cujo nome não vou revelar por questões de segurança (Estás ver Bruno! Eu disse-te que não te iria expor!), disse-me que o meu problema é tratar mulheres como se fossem princesas. E isso já não resulta. Aqueles elogios, aqueles floreados verbais já estão ultrapassados. Temos de ser maus. Confesso que não me imagino, ou imaginava, tratar as mulheres dessa forma. Parece-me uma traição ao romantismo. Mas é a custa do romantismo que eu tenho gasto um dinheirão em remendos. Eu estava constantemente a furar a Natasha.

Com as dicas preciosas do… meu amigo… Não disse o nome… Quase… Mas um pouco e queimava o Bruno. Enfim. Com as dicas do meu amigo decidi convidar a Adriana para beber um café. E convidei, mas ela nunca apareceu. Fui falar com ele para ver se tinha mais dicas e talvez me explicar o porquê do falhanço do meu convite.

–“Convidei a Adriana para beber café mas ela não apareceu!” 
–“Não apareceu?” 
-“Não! Ainda pensei que ela tivesse só atrasada, mas depois de 15horas a espera dela… Comecei a desconfiar!” 
–“E não lhe ligaste para saber o que se passava? 
-“Eu não!”
-“Não!? Então porquê?” 
-“Não tenho o número dela!” 
-“Não tens o número? Estranho! Eu tenho!” 
-“Como assim tens o número dela?” 
-“Mas se não tens o número como é que a convidaste?” -“Como toda a gente faz! Pelo Facebook!” 
-“E ela respondeu?” 
-“Não! Ela não fala muito comigo! Deve estar sempre muito ocupada! Ainda ontem meti conversa com ela e…” 
-“Por acaso ontem falei muito com ela” 
-“…e não me disse nada” 
-“Explica-me porque pensaste que ela beber café contigo.” -“Porque fiz convite e apareceu aquela cena do visto e como ela não disse nada e como quem cala consente, pensava que era uma confirmação!”

Como não sou pessoa de desistir, fui ter com a Adriana para ir beber o tal café. Para ela não ter hipótese de recusar, e no seguimento dos conselhos do Bruno, fui com uma postura malévola e armado da minha zarabatana. Não chegamos a ir. Quis fazer uma demonstração da minha habilidade tribal, mas o resultado não foi glorioso. Acertei em cheio no esternocleidomastóideo da Adriana. Não sabem o que é? Vão pesquisar!

Com a Adriana fora da corrida vou ter de voltar para junto da Natacha! Mas… Mas onde é que pus a porcaria do caixote?

O Cronista da Parvoíce © 2014

domingo, 12 de outubro de 2014

O Pingo Rebelde

Ao longo da nossa vida, lidamos com situação bastantes embaraçosas, ao ponto de fazer de “Só eu sei, porque deveria ter ficado em casa”, o nosso hino pessoal. Quantos de nós já foram para escola com as meias por cima das calças? E com sapatos diferentes? E com a camisola do avesso? Ninguém!? O quê! Isto não pode ter acontecido apenas a mim! Podem ser imunes a maioria da panóplia infindável desse tipo de situações, mas se és homem (com o atributo que comprova a tua masculinidade) é impossível teres escapado ao grão-mestre do ridículo: o pingo rebelde.

É inevitável, e por mais sacudidelas que dês, aquele malfadado pingo resistente aguente-se firme até decidir de estragar a tua noite. Os mais afortunados molharão apenas os boxers, os mais azarados, como eu, ficarão com as calças marcadas pelo infortúnio.  

Comigo acontece sempre te tenho um encontro. Pior, No primeiro. Para dizer a verdade, nunca tive mais de um com a mesma mulher. Durante o meu último jantar fui vitimizado pelo pingo rebelde. Espero que a Sara não tenham ficado com a ideia que não aguento com um decote e que preciso de uma ida a casa de banho para extravasar os impulsos. Ou que apesar de somente ter bebido 5 litros de álcool durante o jantar, a minha arca não aguentou o dilúvio, devido ao seu tamanho. Não é fácil ser homem!

E depois as mulheres têm a ousadia de afirmar que a masculinidade traz mais vantagens em questões urinárias. O facto de urinar de pé, não é por si só um benefício. Sim! Podemos fazê-lo em qualquer parte, sendo obviamente a casa-de-banho mais adequado. Uma vez fi-lo nas flores a frente de casa e a minha Mãe não achou muita piada. Tenho culpa dos lilases não serem resistentes a urina? A verticalidade urinária implica o medo constante da entaladela no fecho (doí-me só de pensar nisso) e da vistoria das calças, com uma inspeção a pente fino da presença de resíduos. No domínio sanitário impera a lei da selva, é cada um por si (nós não vamos aos pares), não perguntamos uns aos outros se tamos pingados ou não. Confesso que seria bastante estranho e amaricado. -“Desculpa, mas podes ver se estou pingado?” –“O quê? Queres que eu olho para onde?... Rabeta!”

Com isto tenho de voltar para o meu encontro e aproveitei esta ida a casa de banho para falar um pouco deste flagelo da rebeldia pingante. Já demorei muito e desta vez não vou estragar tudo. Vou ter um segundo encontro! Está garantido… Ohhh… Não acredito… Estou todo pingado…. Outra vez… Vou ficar sozinho para sempre!!!

O Cronista da Parvoíce © 2014


Foi assim que respondi ao desafio do Fábio Gaspar

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Embaraço Reprodutivo

A minha mente é o refúgio perfeito para inúmeras palermices e muitas questões parvas. Questões, que ao longo do tempo, me vão dilacerando o intelecto. Porque é que a água mineral, que corre pelas montanhas durante séculos, tem uma data para consumo? Por que as pessoas apertam o comando da televisão com mais força quando a pilha está fraca? Ainda não desisti, e estou certo que em dia de bebedeira, conseguirei responder a todas essas perguntas. Mas existe um mistério tão misterioso, uma intriga tao intrigante, que não consigo desvendar: Porque é que as pessoas tem mais vergonha de comprar preservativos do que papel higiénico?

Do que se orgulharia mais? Ser um insaciável e frequente praticante de recriação “coital”? Ou um mega produtor fecal? Humm… Estou mesmo indeciso! Qual é a resposta certa? Se algum de vós imagina “Guerra dos Tronos” (porque na casa de banho é recorrente encontrar esse tipo de literatura) retrata o conflito concorrencial na indústria da louça sanitária, tenho duas mensagens: “Vai tratar-te e é melhor deixar de inalar o teu drunfo intestinal!” e “Seu ignorante de merda (este termo nunca foi tão apropriado!) não conheces mesmo a “Guerra dos Tronos”? Não te preocupes quando estiver contigo, eu explico-te. E de uma forma civilizada! Após espancar-te utilizando todos os volumes da obra de George R. R. Martin e afogar-te na sanita.”

Para demonstrar que não é vergonha nenhuma comprar preservativos fui ao supermercado, agarrei uns quantos, 30 ou 40, não sei precisar. O quê? Pode não parecer, mas tenho uma resistência física do catano. As idas ao ginásio não foram para o inglês ver! E quem que encontro na caixa? O Sr. Paulo, o pai da minha namorada! -“Então por aqui? Cuidado com a minha filha! Não faltas de respeito na minha ausência! Eu sei como vocês são! Eu também já fui jovem.” Posei o meu cesto de forma a evitar o avistamento da quantidade massiva de preservativos. E como não quer a coisa, perguntei ao rapaz da caixa: “Por acaso, não me sabes dizer onde está o papel higiénico?”

O Cronista da Parvoíce © 2014

E assim respondi ao desafio da Daniela Tomás