segunda-feira, 24 de setembro de 2018

A Canícula Polar

Desafio de Wait aí uma beca 


Palavras Impostas: bidé, distribuidor, pónei, sacarose e xilofone

Nunca fui grande apreciador do mau tempo e tem uma explicação lógica e do foro desportivo. As intempéries obrigam-me a fazer algo que não gosto muito: correr. “Mas tu gostas de jogar a bola e no futebol tens de correr! Tenho se não poder ficar a mama e quando tenho de correr não faço. O meu pónei mental, o Faísca (ele tem um relâmpago e o numero 95 tatuado no lombo), é que cavalga até a bola. Essa é razão de por vezes não chegar a tempo de segurar o esférico. Monta-lo, verificar se está tudo ok para prosseguir a marcha… Enfim um processo demoroso.

A verdade é que padeço de canini spiritus, o chamado espírito canino, corro sempre atrás de algo, uma bola por exemplo. Antigamente perseguia os carteiros e alguns carros, mas deixei-me disso. A medicação também ajudou. Também corria atrás das moças até aquela ordem do tribunal e o encontro com o punho daquele namorado furioso. O gajo era um autentico distribuidor de socos.

“Mas qual é a relação do mau tempo com a corrida?” Calma, estou quase a chegar ao ponto. O Faísca está ocupado e tenho de ir por mim mesmo. É agora! Já cheguei! Quando chove corro para me abrigar e quando está frio corro para me aquecer. Simples?! O único senão é que sempre que faço esse tipo de fuga climatérica tenho de ingerir sacarose liquidificada (água com açúcar). E como não estou habituado a correr fico com tontura depois. “Porque é que não montas o Faísca?” há um pormenor que talvez vos escapou: o meu cavalo anão é imaginário! Fazer perguntas sobre algo que não existe! Faz algum sentido? O problema é que o meu fiel mini corcel está sempre a comer e tanto esforço físico pode provocar-lhe uma congestão. Para alem que só gosta de andar ao sol. É como eu. Dê-me sol e fico contente.

O sol traz-me felicidade por vários motivos, mas o principal é a influência determinante que ele tem sobre a indumentária feminina. Quanto mais sol, menos roupa. E nem é preciso estar muito calor, bastam uns raios solares mais visíveis e o objetivo primário dos homens, despi-las mentalmente, está facilitado. Sendo que é dificílimo desnudar alguém que está protegido aproximadamente por sete peças de vestuário. Sim! Eu contei! Esse
desnudamento nem sempre corre bem. Tento ser discreto, mas a discrição torna-se difícil quando somos apanhados. Eu tenho um problema, entre inúmeros outros, sempre que estou a despir alguém, literal ou figuradamente, toco xilofone. Não consigo evitar.

Mesmo sendo um fervoroso opositor do frio, e ultimamente tem estado um verdadeiro calor soviético, uma canícula polar, só pactuo com esse abaixamento de temperatura quando faz com que algumas senhoras permanecem totalmente tapadas. Eu sei que La Bruyère disse: “não existem mulheres feias, só existem aquelas que não sabem fazer-se belas”, mesmo assim para esses B.I.D.É.s, mulheres com Beleza Interior Demasiado Évidente (évidente = quando é mais que evidente e até de uma forma exagerada), e no intuito de poupar os olhos sensíveis (e farto de despir lindas damas), a canícula polar deveria reinar por muito tempo.

Afinal não! Gosto mais de calor! Volta Sol! Estás perdoado!

O Cronista da Parvoeira ©

A Intempérie Potente

Premissa: O que define uma verdadeira tempestade? 

Palavras Impostas: Cabra, tractor, Ferrari, chocolate e esquentador. 

Palavras Proibidas: vento, frio, neve, temporal e soprar. 

Eu nunca gostei do mau tempo. Ninguém gosta de do mau tempo. É para mim uma verda
de absoluta. Como é que posso afirmar isso? Fácil. “Não podes dizer isso, há quem não gosta de bom tempo!” Verdade. Há quem não aprecie muito o sol como os vampiros ou os góticos. Mas pensem comigo, se não são amantes dessa meteorologia, posso afirmar que, para eles o bom tempo, é na verdade mau tempo. Generalizando, qualquer condição atmosférica adversa a sua preferência, é de facto mau tempo. Impressionante com a minha capacidade raciocinativa? E o melhor é que tenho esses acessos de genialidade frequentemente. Para isso basta eu consumir, como dizê-lo de uma forma subtil, sem parecer que sou um drogado e/ou um alcoólico? Para quem não sabe este desafio foi proposto pela a minha mãe, por isso convém manter a ilusão do filho perfeito. Felizmente, não sou eu! Já sei! Basta eu consumir substâncias inspirativas, que são para o meu intelecto, o gás que faz funcionar o esquentador.

Sendo feito o esclarecimento sobre o conceito de mau tempo, que varia dependendo do apreço climatérico, é importante falar das verdadeiras intempéries, as chamadas tempestades, que são uma mixórdia de coisas bem desagradáveis. As tempestades são o pináculo das intempéries. É o Ferrari do mau tempo. Não tenho nada contra os Ferraris, tenho três ou quatro na estante. Não é por nada, mas acho que não teria mãos para aquilo. Pior. Se tempestade fosse ciclónica, nem teria pés, estaria a esvoaçar por aí. É por isso que em termos meteorológicos prefiro um Fiat Uno.

Uma tempestade é um clima “TRACTOR”, ou seja, um Tempo Realmente Abjecto Causador de Transtornos Objectivamente Ruinosos. porquê? Qualquer alteração climatérica que implica arrefecimento e/ou molha é nefasta para a masculinidade. Se for uma de grande escala, pior ainda. Como é sabido essas características climáticas não propícias para o enaltecimento masculino, bem pelo contrário, elas favorecem o minguamento dos atributos. Nunca se questionaram sobre o facto de a quantidade de roupa aumentar consoante o piorio do tempo. Pensavam que era coincidência? Os homens são uns mariquinhas! Não aguentam nada! É por isso? Coitadinhos! Têm medo de um pequeno esfriamento! É tudo falso! Se os homens se agasalham tanto é por uma causa maior e para que essa mesma causa não fique menor perante o arrefecimento.

Mais. Se estiverem atentos, repararam que mesmo perante adversidades climáticas, a maioria das mulheres tende a estar mais exposta, enquanto os homens não. E ainda bem! Não vou mentir, uma boa pernoca é sempre uma boa pernoca, de inverno ou de verão. Eu gostava de não sofrer perante as intempéries, o chamado encolhimento precoce. Seria uma mais valia para todos, mas principalmente para mim. Pouparia muito em vestuário. Poderia até não andar nu pela casa e pelas ruas da cidade. Não vamos exagerar. Andar pela casa despido acarreta riscos desnecessário. Tenho dois cães e nunca se sabe, a fome canina pode originar confusões involuntárias. Andar nu pelas ruas da cidade também está fora de questão, pelo menos enquanto a minha tablete de chocolate abdominal não estiver restabelecida. Neste momento está somente derretida. Seria catastrófico para a minha reputação, aliar uma minoração genitália e um derretimento abdominal.

Também sei que o mau tempo é necessário e uma peça fundamental no bom funcionamento dos ecossistemas, mas eu passo bem sem ele. É verdade que as mudanças climatéricas são importantes na sua preservação. Eu sei que alguns insectos prejudiciais ao desenvolvimento de algumas culturas são erradicados com o auxílio das baixas temperaturas (e este foi o momento BBC Vida Selvagem), mas como disse, o meu ecossistema está bem sem elas. A única bicharada que afecta o meu terreno orgânico, não contando com o caruncho biológico, é a cabra, mas a alcoólica. Eu não tenho nada contra o bicho em si. Agora a outra. Essa sim. Essa mexe com o meu ecossistema e consegue deixar-me indisposto.

Com isto tudo, não expliquei o que é uma verdadeira tempestade. E o que é? É mau tempo, mas mesmo mau, não aquele mau que é bom, porque o bom é mau para quem não gosta. Não sei porquê, mas acho que o clima está a afectar o meu raciocínio.

O Cronista da Parvoíce © 2018

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A Conversão Amistosa

Desafio do João Flor e Tiago Cabecinhas

Premissa: Como fazer amigos…

Palavras Impostas: Televisão, Smart Router, vagina, casa, tapete e orfeão.

Nunca te aconteceu parar e pensar na resolução dos maiores mistérios deste mundo? Questões tão pertinentes quão enigmáticas, tais como: Porque é que a palavra “grande” é menor do que a palavra “pequeno”? Porque é que quando na televisão vês filmes de batalha espaciais com explosões excessivamente barulhentas, se o som não se propaga no vácuo? Ou porque é que a água mineral que corre pelas montanhas durante séculos tem uma data para consumo? Ou até mesmo, porque é que as torradeiras têm sempre uma opção para uma temperatura tão alta que queima as torradas todas? Se já te aconteceu, tens de arranjar amigos e urgentemente. E quanto mais melhor! Sempre ouvi dizer que duas cabeças pensam melhor de que uma. Aposto que a vários vão encontrar as respostas que procuram. 

Eu também pensava muito nessas coisas, e passava muito tempo a discutir essas temáticas como o meu amigo João. A verdade é que as nossas tertúlias nunca foram muito produtivas, o gajo não falava muito. Mas quando era noites de bebedeiras não se calava. Pensando nisso, o gajo só aparecia quando eu estava embriagado ou depois de me aromatizar com fumos exóticos. Pior parecia que sabia sempre onde eu estava. Um verdadeiro stalker. Já não se fazem amigos imaginários como antigamente. Ainda tive o Tiago, grande amigo, mas curiosamente, depois de tomar frequentemente a medicação nunca mais o vi. É triste, basta tomar uns medicamentos da treta e, do nada, uma amizade é varrida por baixo do tapete. 

Eu sou um verdadeiro crente no que toca a amizade. Sempre que conheço alguém, mentalizo-me que aquela pessoa vai ser um amigo fantástico. Nesses encontros fortuitos, interiorizo uma palavra-chave, a minha palavra-chave que é uma espécie de guia amistosa. No aproximar de um potencial amigo, essa palavra mágica entoa na minha cabeça. Mas afinal qual é essa palavra? VAGINA. Para mim vagina é sinonimo de felicidade, como o deveria ser para qualquer pessoa, porque solto um vagina é porque “vou agora ganhar um(a) incrível novo(a) amigo(a)” (v.a.g.i.n.a.) e quanto mais quero ser amigo dessa pessoa, mais a uso, e por vezes em voz alta. Como se sofresse de uma Síndrome de tourette vagino-amistoso. Mas infelizmente, sou frequentemente mal interpretado pelos meus potenciais futuros amigos. Foi o que aconteceu com a Diana. Durante o nosso café, diga-se de passagem, que estranhei ela ter aceite o convite, disse vagina várias vezes, mas sem ela se aperceber. Só que o drama aconteceu, de tão contente que eu estava por estar a alicerçar um relacionamento amistoso duradouro, não consegui evitar o soltar de um "VAAAAGIIIINAAAA". Ela levantou-se e nunca mais a vi. Até hoje. Aproveito... Diana... Se estás a ler isto... Ainda me deves 65 cêntimos do café. 

Ainda hoje penso na Diana, e na falta que aqueles 65 cêntimos me fazem. Eu sei que não são nenhuma fortuna. Mas imaginem que aquilo acontece outra vez. Fico com um prejuízo de 1,30€. Eu sou muito amistoso, mas não posso andar aí a gastar dinheiro à toa. Tenho contas para pagar. A assinatura da Playboy não se vai pagar sozinha. A verdade é que aquilo aconteceu, fez-me perceber que a minha conversão amistosa não estava tão boa como pensava, e que tinha imperativamente de melhora-la. Se um simples vagina afugenta possíveis amigos, algo está mal. Foi por isso que procurei ajuda junto de quem percebe do assunto: o Wikipédia. Já agora um reparo aos Jeovás das Telecomunicações que vão de casa em casa a pregar a boa nova das internetes. Parem de enganar as pessoas com a essa coisa do smart router, é que o meu de esperteza não tem nada. Uma vez perguntei-lhe as horas e ele nem foi capaz de me responder. 

Sabes o que também pode ajudar na obtenção de amigos? Ser musicalmente instruído! Ou seja, saber tocar um instrumento, mas um de verdade. Uma viola, guitarra, saxofone, qualquer um. Menos aquela treta que tínhamos na escola. Como é que aquilo se chamava? Sempre que tocava, e tocar é uma palavra forte, morria um cão nas redondezas de tão mau e agudo era o som que produzia. Não me lembro mesmo do nome daquilo! Já sei! O famoso pífaro! Não! Aquilo tinha outro nome. Não tínhamos aulas de pífaro, eram aulas de… flauta de bisel. É isso! Já agora, tenho uma curiosidade. Aquilo servia mesmo para quê? Algum de vocês se tornou flautista de bisel profissional? Será que há aulas disso no orfeão? 

Na internet encontrei algumas dicas interessantes. Se fiz mais amigos? Não, mas agora sei que há coisas que não se podem fazer se queremos ter amigos. Tais como não falar sozinho! Porque se falas sozinho pareces um maluquinho e as pessoas não gostam de maluquinhos. Só se elas mesmo foram maluquinhas, mas as maluquinhas não precisam de amigos visto que falam sozinhas. E se falas sozinho não precisas de sair de casa. E se não sais de casa não precisas de amigos. A não ser que o teu melhor amigo seja um cão ou um gato…. Pensando melhor continuas a falar sozinho porque esses animais não falam. Se algum dia ouvires uma resposta, que não seja um ladrar ou um miar, aumenta a dose da medicação. 

O que ajuda realmente é falares com pessoas. Como aquela que está a passar neste preciso momento… “VAAAAGIIIINAAAA”… Onde é que vais? Não fujas! 

O Cronista da Parvoíce © 2018

sexta-feira, 20 de abril de 2018

A Subserviência Televisiva

Desafio da Carla Fernandes

Ponto de Partida: A domesticação do ser-humano através da televisão

Estava descansadinho no meu sofá quando aconteceu o impensável. A minha televisão avariou. É provável que muitos discordaram de mim, mas a televisão é a melhor invenção de sempre. Melhor que as vacinas ou mesmo a roda. Eu sei que as rodas dão jeito para os carros, mas como nunca saio de perto da televisão, nunca precisei. A única coisa que tive com o conceito de roda, foi um cadeirão. Ele não tinha rodas, mas andava à roda e não gostei muito. Enjoo com facilidade e o pior é que sempre dava uma voltinha perdi minutos televisivos preciosos.

O incrível foi o que aconteceu poucos minutos depois da avaria. Uma espécie de milagre aconteceu. Saí do sofá e dei os meus primeiros passos. A medida que dava mais passos, crescia em mim uma vontade aventureira. E descobri que a minha casa tinha mais divisões. Divisões em estavam pessoas diferentes. Numa delas estava aquele miúdo irritante que nunca me deixa ver os filmes sossegado. Achei estranho ele chamar-me pai, mas o mais curioso foi quando aquela senhora simpática me chamou querido. Tudo bem que me traz cervejas quando vejo a bola e trata das refeições, mas alto lá a confiança.

Depois da visita domiciliaria, decidi passear e ir para a rua. Ao sair de casa, o meu vizinho, e eu nem sabia que tinha vizinhos, fez me uma pergunta complexa. “Bom dia Vizinho! Hoje vai estar um lindo dia! Não acha?” Não sabendo como responder, sem poder ver a meteorologia era uma questão difícil, optei pela escolha mais segura. Usei o telefonema para um amigo. Pouco depois vi um rapazito na rua. Ele estava a tocar e a cantar, mas sem cadeiras a viram-se, como saber se ele é bom? Mesmo assim, disse lhe que iria ligar para que ele fique. Sabiam que há homens que pagam para dormirem com mulheres? Descobri isso durante o meu périplo. Será que eles nunca ouviram falar da Casa dos Segredos?

Aquele passeio foi interessante, mas preferindo o meu sofá, decidi ir comprar uma televisão nova. Confesso que não gostei muito do atendimento. Como bom cliente que sou, levei umas chouriças e outros enchidos da minha terra, e nem um “espectáculo” ouvi. Pior ainda. Acertei no preço da TV e mesmo assim tive de paga-la. E no final nem roda para girar, ou montra gigante para acertar. Por isso voltei para o meu sofá, mas por pouco tempo. O comando não tinha pilhas. De regresso a rua, encontrei o meu vizinho e as suas perguntas parvas. “Bom dia vizinho! Acha que hoje vai chover?” Depois de minutos de reflexão, usei a opção dos 50/50.

Por vezes, acho que tenho uma espécie de subserviência televisiva, é como se estivesse domesticado pela televisão. Não me parece! Farto-me de ver o Dr Phil e ele nunca falou disso, ou que isso possa acontecer. Nunca vi nenhum programa televisivo com essa temática, por isso só pode ser mentira. A televisão nunca me enganaria.

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quarta-feira, 14 de março de 2018

O Verdadeiro Turismo Ultraexistente

Desafio do João Machaqueiro 


Premissa: Cemitério 

Palavras Impostas: Beringela, buraco, idiotas, pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, vibrador e zoofilia. 

Quando era novo sonhava em tornar-me no maior super-herói que o mundo conhecera. Mas por dificuldades técnicas não foi possível. Nomeadamente a inadequação a vestimenta heróica. Os fatos de lycra são muito apertados, e com a minha zona abominável demasiadamente desenvolvida, poderia salvar o dia, mas seria improvável ficar com a donzela em apuros. O binómio barriga/donzela nunca é condizente e garantia de uma noite animada para o herói. Também era muito provável que aperto do super-fato iria provocar-me alergias e deixar-me com uma comichão insuportável nas virilhas. Outro factor decisivo na escolha doutra via profissional, é não ter sido picado por uma aranha geneticamente alterada, ou ter levado com um raio perto de substâncias químicas, ou simplesmente ser originário de um planeta distante. Felizmente para mim encontrei a minha profissão de sonho. Sou guia cemiterial com especialização buraqueira e proporciono turismo ultraexistente. Quando o vibrador vocacional nos apela, não há como não o escutar.

Sempre quis ter um trabalho doutro mundo e depois de verificar a minha incapacidade heróica, pensei em ser astronauta. Mas como tenho vertigens descartei logo essa hipótese. Com minha apetência para o outro mundo, achei que a cartomancia seria uma boa hipótese. Só que nunca fui muito bom a jogar às cartas, não esquecendo que a bola de cristal gasta muita electricidade. Confesso que estava muito indeciso em termos profissionais, mas tudo mudou quando senti aquela vibração que muda a nossa vida. Ainda me lembro disso como se fosse ontem, ou quase, na verdade lembro-me disso como se fosse na antevéspera de anteontem, porque foi. Estou neste trabalho há 5 dias. Estava em casa a quando senti um intenso vibrar. Fiquei desiludido quando percebi que não era uma notificação do Tinder. Estava, e estou com esperança que aquela jeitosa, a Raquel, me retribua o gosto. Depois de uma pesquisa longuíssima enquanto degustava uma beringela e intercalada com aqueles filmes que recheiam a Internet, encontrei o trabalho indicado para mim: coveiro.

Desengana-se quem pensa que é um trabalho fácil. Não é só cavar! Em poucos dias reorganizei aquilo tudo. Eu acredito em boas energia e por isso operei um verdadeiro feng shui cemiterial. Foi um trabalho árduo que necessitou muita cabeça, muitos bracinhos, mas principalmente de uma retroescavadora. Agora está tudo organizado por secções. Tenho uma secção para fetiches esquisitos, como a zoofilia. Nestas campas coloco fotos de animais em vez de flores. Também há uma secção para as pessoas como eu: os tarados. Como não só muito apreciador de flores e só alérgico não pretendo que as colocam na minha campa. Não faz sentido eu ficar a espirar constantemente. Se puserem recortes da Playboy vou gostar! A secção mais curiosa é a zona das doenças estúpidas.

Nessa zona pode encontrar de tudo um pouco. Para dizer a verdade, ainda só tem um morador o Zeca que morreu por causa da pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose, que é uma doença pulmonar causada pela inspiração de cinzas vulcânicas. E o mais engraçado é que o gajo nem era vulcanólogo. Era talhante. mas o idiota tinha mania que era esperto e estava a jogar ao enforcado e engasgou-se a dizer a palavra pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. Como podem ver a cultura pode fazer mossa. A cultura e 20 sílabas e 46 letras! Como vêm o gajo morreu mesmo com uma doença estúpida: conice aguda.

Adoro o meu trabalho. Gosto imenso de conversar com os moradores do sitio. São bons ouvintes e nunca me criticam. Eu sei que eles não me podem responder e com eles estou a falar sozinho, mas é suposto. Não!? Eu poderia falar com eles e obter resposta, mas o problema é que eles estão enfiados num buraco qualquer e não têm rede. Mas com a bola cristal adequada isso resolvia-se. O problema é que a Junta fica longe e seria preciso uma extensão enormíssima. Uma muito grande, ou várias ligadas entre si. O que seria muito chato, porque teria de liga-las todas as manhãs. A não ser que… A não ser que as enrolasse e ficassem ligadas entre elas. Mas se calhar o melhor é comprar uma bola de cristal a pilhas. Já gastam menos, mas teriam de ser recargáveis. Não posso gastar dinheiro à toa e nesse caso preciso de carregador e de electricidade para ele funcionar. Assim sendo preciso de uma extensão, mas de uma muito grande… ou de várias… Se calhar está na hora de procurar outra coisa…

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segunda-feira, 12 de março de 2018

O Encanto Baleeiro


Desafio da Margarida Sousa

Palavras Impostas: “Logo se vê”, jaquinzinho, Marta, vermelho e sacos de café.

A Primavera, que é uma das minhas estações do ano favorita, está a porta. E sabem porque gosto tanto dessa estação? É simples! É a antecâmera para a minha época favorita: o Verão. É quando se proporciona a concordância entre a estação do ano e as condições climatéricas, inicia-se uma das minhas atividades favoritas do ano: ir à praia para avistar beldades no areal. Se estiverem a fazer topless, melhor ainda, mesmo se isso me deixa um pouco vermelho. 

Confesso que não sou grande adepto da areia e só de pensar que a porcaria da areia que se pode alocar nos meus calções. Eu sou da opinião que cada coisa deve permanecer no seu devido lugar. A areia pertence ao areal, não aos meus calções. Para além que me provoca uma comichão incrível e não é fácil seduzir alguém na praia enquanto coço virilhas e pareço fustigado por um ataque epilético sub-abominável (há muito que os abdominais não moram por estes lados). É o chamado “Efeito Jaquinzinho”. Sabes que aquilo é bom, mas se for demasiado vai fazer-te mal. Com a areia é a mesma coisa. Aquilo é bom devido às beldades em biquíni, mas os malditos grãos nos calções. 

Eu passo o ano ansiando pelos dias em que poderei ir à praia e praticar um dos meus hobbies favoritos: o apalpanço mental e isso apesar de todas as inconveniências balneares, e por vezes baleeiras, quando dão a costa e permanecem deitadas na praia, não deixo de ir à praia. Eu não tenho nada contra senhoras com estaturas imponentes, mas prefiro tamanhos mais reduzidos. Mas em tudo! Gosto de ver calções curtinhos! Topes! Enfim, sou uma pessoa discreta e gosto de manter um certo mistério amoroso. Daí nunca me declarar, assim o amor é sempre misterioso. Por isso é que nunca me declaro. O meu amor mantém-se sempre misterioso. Pensando bem, não sei se é uma boa estratégia e deve por isso que a minha futura namorada casou com outro. Já percebi o porquê de ela nunca aceitar os meus convites e responder-me sempre com um “logo se vê”. Ela não gostava de mistérios. 

Sei o que o estão a pensar. Por acaso não sei, mas se soubesse seria bastante engraçado. Mas para isso teria de ser mentalista, uma espécie de ipod mental, e isso seria mesmo muito engraçado, melhor ainda, lucrativo, ou obsceno se estivesse a ler uma mente enquanto alguém vê um filme pornográfico. E isso seria triste, para quê ler uma mente badalhoca, quando podemos ver o filme e ter a nossa própria javardice mental. Isto tudo para dizer o quê? Ainda bem que tive cuidado com aqueles dois sacos de café. Tudo bem que me acertaram em cheio na mioleira, mas se os tivesse bebido depois, estaria pior. Sem sono e com vontade de ver filmes.

Mas voltando ao pensamento inicial, aquele que não descortinaram. Acredito que haja admiradores de baleias. Pessoas com encanto baleeiro, pessoas que gostam de cetáceos tudo bem, agora sereias?! Sendo essa mi-mulheres, mi-baleias! Parem com os M.A.R.T.A., os Mergulhos na Areia Reveladores de Tontice Absoluta, ou façam-nos com ditam as regras. Não podem mergulhar de cabeça! Façam como eu! O pior o que me aconteceu é ter partido umas falanges. Fiquei sem ver filmes durante um certo tempo, é pena não saber ler mentes na altura. 

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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A Maluquice Inata

Desafio da Fernanda Faustino
Palavras Impostas: Cão, contentor, exaustor, micro-ondas e rio
Premissa: A demência

Quando somos pequenos e fazemos parvoíces é engraçado, mas quando essa palermice latente continua, mesmo depois de crescer, torna-se preocupante. Não é que esteja muito preocupado com isso, mas a minha Mãe está. Desconfio que ela tenha vergonha dos meus momentos de loucura. É só uma desconfiança, não acredito nisso, mesmo quando ela diz que só é a minha mãe porque me encontrou num contentor, e como estava junto de uma ninhada de gatos dos quais é alérgica, preferiu ficar comigo. Eu sei que é mentira porque vi fotos minhas recém-nascido. O meu irmão também já me contou essa historia, mas acho que ele está a mentir. Como é que ele sabe? Ele nasceu 10 anos depois de mim. Será que ele tem uma máquina de viajar no tempo e assistiu a tudo? Não pode ser! Se tem um transporte desses, não percebo porque ele usa o meu carro constantemente.

Há muita gente que acha que sou maluco e isso não faz sentido. Dizem que falo sozinho. Estupidez! Como posso estar a falar sozinho, se estou sempre acompanhado do Fred. Eu sei que ele é um rapaz de poucas falas e mal se da por ele, mas daí a dizer que estou e falo sozinho. Falando do Fred, há muito tempo que já não o vejo. Desapareceu mal comecei a tomar a medicação. Estranho? Não? Lembro-me duma vez em me chamaram a atenção por estar novamente a falar sozinho. Pior ainda! Estaria a falar com o exaustor! Eu não sou maluco! Eu sei que aquilo não fala. É um objecto! Estava a falar com aquelas pessoas microscópicas que trabalham nos exaustores. Precisava de água quente e achei que incentivá-las seria bom. Um reforço positivo é sempre agradável. Não deve fácil trabalhar naquelas condições, ouvindo as pessoas reclamar sempre que o exaustor não acende. O que é normal, visto que os esquentadores é que se acedem e podem aquecer a água. E depois eu que sou maluco.

Há dias, estava a olhar para o micro-ondas quando alguém falou e distraiu-me. Fiquei chateado. Perdi o fim da história. Para mim aquele electrodoméstico é um verdadeiro contador de histórias. Tudo bem que o fim é sempre o mesmo: aquece. Mas por vezes descongela. E há vezes em que descongela enquanto está a aquecer. É incrível! Estão curiosos em saber qual é o enredo que tanto aprecio e é normal. Sempre que o ligo, nasce uma aventura na qual o mistério está em volta do tempo. Cria-se uma atmosfera em que o suspense está em descobrir em quanto tempo o que lá colocamos vai ser descongelado. E essa aventura pode demorar horas. É como se estivesse a assistir a um filme sobre o
arqui-inimigo da Elsa de Frozen.

Como podem ver de maluco não tenho nada. A única vez que fiz uma maluquice foi quando mergulhei no rio, e em pleno inverno, para impressionar uma jeitosa. Mas fiquei com a impressão que ela ficou mal impressionada. Esqueci-me a água fria, ou melhor gelada, tem um poder diminutivo. Posso ter ficado diminuto nalguns sítios, mas fiquei com a pele e os músculos (menos aquele) muito bem tratados. Como vos disse, não sou maluco, e isso nunca mais aconteceu. E se acontecer vou ter cuidado. Desta vez não vou todo nu!

Há quem diga que a minha maluquice é inata, e eu concordo, mas também foi provocada. E por quem? A minha Mãe é culpada de tudo! Quando se fica demasiado tempo na água podemos ficar com danos cerebrais irreversíveis, e eu fiquei mais 3 dias que o suposto mergulhado na barriga da minha progenitora. 3 dias! Eu poderia ser outro! Para além disso, quando tinha 6 meses caí do sofá. Está tudo explicado! E depois admiram-se que vá passear o cão durante 3 horas, a espera que ele se digna a fazer as suas necessidades, e que volte a casa chateado porque para além de ele ter feito nada, tive de o puxar pela trela para regressar e que mal abre a porta, oiço a minha família a dizer: “Onde é que foste? O cão está farto de estar a tua espera! Sabes que tens de ir passeá-lo!”
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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Os Benefícios do Instagram para a Saúde Mental

Desafio do Bruno Ferreira
Palavras Impostas: aipo, carinho, framboesas, gajas nuas, gengibre, nalgas e tumescência.


Mais que uma ferramenta indispensável para quem gosta de fotografia, o Instagram, ou Insta, tem propriedades únicas que beneficia a saúde mental masculina. Quais? Como? Perguntam vocês e muito bem. É simples! Através de estímulos! Sempre que uma jeitosa publica uma foto, a mente masculina transfigura-se e, do nada, solta-se a javardice recalcada. Não temos culpa! É inevitável! É o chamado “Efeito A.I.P.O. (Atracção Implícita Por Ordinarice)”, que transporta uma foto inofensiva para um cenário erótico-badalhoco.

Sempre que uma mulher publica uma foto hesito em mostrar o meu apreço pela mesma. Assusta-me o facto de poderem pensar coisas erradas de mim. Tenho medo que confundam uma demonstração de carinho com um ato profundamente javardo. E é algo que não pode acontecer. Um javardo como eu, não pode ser confundido com apreciador fotográfico. Está explicado o facto de só gostar de fotos onde as modelos estão de biquíni.

O Insta é um bem precioso para sustentação criativa do género masculino. A mente masculina possui a capacidade de transfiguração mental e consegue transformar framboesas em morangos. E seria muito mais fácil transforma-las em amoras, visto que têm um formato semelhante, mas quando alugamos quartos naqueles motéis discretos, a fruta que está a disposição para fazer não-sei-bem-o-quê são morangos e não framboesas ou amoras. Como sou uma pessoa saudável como sempre os morangos e deixo o chantilly. Eu nunca frequentei esse tipo de sítios. Contaram-me! Sempre que uma foto é publicada essa capacidade é testada e a nossa mente estimulada.

Se vocês procuram estímulos badalhocos, não seria mais fácil ver sites com gajas nuas? Talvez! Mas não estamos aqui para facilidades. Estamos a cuidar da nossa saúde estimulando o cérebro e não o Júnior. O objectivo é usar a nossa criatividade e imaginação na pratica do desnudamento mental. Se já estiverem nuas retira a magia da coisa e temos de procurar a casa-de-banho mais próxima. relembro-vos também que usamos o Insta no telemóvel, ou seja, ver gajas nuas no mesmo implica muito mais custos. Sou exigente, se houver nudez, quero movimento, logo quero vídeos e com isso lá se vão os dados moveis. Infelizmente nenhuma operadora disponibiliza tráfico gratuito para sites como o Redtube, Pornhub e afins. Eu nunca visitei esse tipo de sites. Contaram-me!

O Insta é uma espécie de gengibre que estimula a nossa mente e a mantém o seu bom funcionamento. Desde que uso essa rede social a minha mente está muito mais disciplinada, a minha criatividade aumentou exponencialmente e consigo ser muito discreto sempre que vejo um bom rabo feminino. É muito raro ser apanhado enquanto pratico chapadinhas mentais nas nalgas.

Uma ressalva. Usa, mas não abusas do Instagram. Demasiadas fotos num curto espaço de tempo podem dar contigo em doido, perdes o controlo e aí sim, o Júnior vai manifestar-se. Quanto isso acontecer… Casa-de-banho… É curioso estarmos a falar disso, porque estou perante um caso de tumescência e já que vou até a casa-de-banho, acho que vou aproveitar e levar o PC assim vejo uns vídeos.


O Cronista da Parvoíce © 2018