segunda-feira, 24 de setembro de 2018

A Canícula Polar

Desafio de Wait aí uma beca 


Palavras Impostas: bidé, distribuidor, pónei, sacarose e xilofone

Nunca fui grande apreciador do mau tempo e tem uma explicação lógica e do foro desportivo. As intempéries obrigam-me a fazer algo que não gosto muito: correr. “Mas tu gostas de jogar a bola e no futebol tens de correr! Tenho se não poder ficar a mama e quando tenho de correr não faço. O meu pónei mental, o Faísca (ele tem um relâmpago e o numero 95 tatuado no lombo), é que cavalga até a bola. Essa é razão de por vezes não chegar a tempo de segurar o esférico. Monta-lo, verificar se está tudo ok para prosseguir a marcha… Enfim um processo demoroso.

A verdade é que padeço de canini spiritus, o chamado espírito canino, corro sempre atrás de algo, uma bola por exemplo. Antigamente perseguia os carteiros e alguns carros, mas deixei-me disso. A medicação também ajudou. Também corria atrás das moças até aquela ordem do tribunal e o encontro com o punho daquele namorado furioso. O gajo era um autentico distribuidor de socos.

“Mas qual é a relação do mau tempo com a corrida?” Calma, estou quase a chegar ao ponto. O Faísca está ocupado e tenho de ir por mim mesmo. É agora! Já cheguei! Quando chove corro para me abrigar e quando está frio corro para me aquecer. Simples?! O único senão é que sempre que faço esse tipo de fuga climatérica tenho de ingerir sacarose liquidificada (água com açúcar). E como não estou habituado a correr fico com tontura depois. “Porque é que não montas o Faísca?” há um pormenor que talvez vos escapou: o meu cavalo anão é imaginário! Fazer perguntas sobre algo que não existe! Faz algum sentido? O problema é que o meu fiel mini corcel está sempre a comer e tanto esforço físico pode provocar-lhe uma congestão. Para alem que só gosta de andar ao sol. É como eu. Dê-me sol e fico contente.

O sol traz-me felicidade por vários motivos, mas o principal é a influência determinante que ele tem sobre a indumentária feminina. Quanto mais sol, menos roupa. E nem é preciso estar muito calor, bastam uns raios solares mais visíveis e o objetivo primário dos homens, despi-las mentalmente, está facilitado. Sendo que é dificílimo desnudar alguém que está protegido aproximadamente por sete peças de vestuário. Sim! Eu contei! Esse
desnudamento nem sempre corre bem. Tento ser discreto, mas a discrição torna-se difícil quando somos apanhados. Eu tenho um problema, entre inúmeros outros, sempre que estou a despir alguém, literal ou figuradamente, toco xilofone. Não consigo evitar.

Mesmo sendo um fervoroso opositor do frio, e ultimamente tem estado um verdadeiro calor soviético, uma canícula polar, só pactuo com esse abaixamento de temperatura quando faz com que algumas senhoras permanecem totalmente tapadas. Eu sei que La Bruyère disse: “não existem mulheres feias, só existem aquelas que não sabem fazer-se belas”, mesmo assim para esses B.I.D.É.s, mulheres com Beleza Interior Demasiado Évidente (évidente = quando é mais que evidente e até de uma forma exagerada), e no intuito de poupar os olhos sensíveis (e farto de despir lindas damas), a canícula polar deveria reinar por muito tempo.

Afinal não! Gosto mais de calor! Volta Sol! Estás perdoado!

O Cronista da Parvoeira ©

A Intempérie Potente

Premissa: O que define uma verdadeira tempestade? 

Palavras Impostas: Cabra, tractor, Ferrari, chocolate e esquentador. 

Palavras Proibidas: vento, frio, neve, temporal e soprar. 

Eu nunca gostei do mau tempo. Ninguém gosta de do mau tempo. É para mim uma verda
de absoluta. Como é que posso afirmar isso? Fácil. “Não podes dizer isso, há quem não gosta de bom tempo!” Verdade. Há quem não aprecie muito o sol como os vampiros ou os góticos. Mas pensem comigo, se não são amantes dessa meteorologia, posso afirmar que, para eles o bom tempo, é na verdade mau tempo. Generalizando, qualquer condição atmosférica adversa a sua preferência, é de facto mau tempo. Impressionante com a minha capacidade raciocinativa? E o melhor é que tenho esses acessos de genialidade frequentemente. Para isso basta eu consumir, como dizê-lo de uma forma subtil, sem parecer que sou um drogado e/ou um alcoólico? Para quem não sabe este desafio foi proposto pela a minha mãe, por isso convém manter a ilusão do filho perfeito. Felizmente, não sou eu! Já sei! Basta eu consumir substâncias inspirativas, que são para o meu intelecto, o gás que faz funcionar o esquentador.

Sendo feito o esclarecimento sobre o conceito de mau tempo, que varia dependendo do apreço climatérico, é importante falar das verdadeiras intempéries, as chamadas tempestades, que são uma mixórdia de coisas bem desagradáveis. As tempestades são o pináculo das intempéries. É o Ferrari do mau tempo. Não tenho nada contra os Ferraris, tenho três ou quatro na estante. Não é por nada, mas acho que não teria mãos para aquilo. Pior. Se tempestade fosse ciclónica, nem teria pés, estaria a esvoaçar por aí. É por isso que em termos meteorológicos prefiro um Fiat Uno.

Uma tempestade é um clima “TRACTOR”, ou seja, um Tempo Realmente Abjecto Causador de Transtornos Objectivamente Ruinosos. porquê? Qualquer alteração climatérica que implica arrefecimento e/ou molha é nefasta para a masculinidade. Se for uma de grande escala, pior ainda. Como é sabido essas características climáticas não propícias para o enaltecimento masculino, bem pelo contrário, elas favorecem o minguamento dos atributos. Nunca se questionaram sobre o facto de a quantidade de roupa aumentar consoante o piorio do tempo. Pensavam que era coincidência? Os homens são uns mariquinhas! Não aguentam nada! É por isso? Coitadinhos! Têm medo de um pequeno esfriamento! É tudo falso! Se os homens se agasalham tanto é por uma causa maior e para que essa mesma causa não fique menor perante o arrefecimento.

Mais. Se estiverem atentos, repararam que mesmo perante adversidades climáticas, a maioria das mulheres tende a estar mais exposta, enquanto os homens não. E ainda bem! Não vou mentir, uma boa pernoca é sempre uma boa pernoca, de inverno ou de verão. Eu gostava de não sofrer perante as intempéries, o chamado encolhimento precoce. Seria uma mais valia para todos, mas principalmente para mim. Pouparia muito em vestuário. Poderia até não andar nu pela casa e pelas ruas da cidade. Não vamos exagerar. Andar pela casa despido acarreta riscos desnecessário. Tenho dois cães e nunca se sabe, a fome canina pode originar confusões involuntárias. Andar nu pelas ruas da cidade também está fora de questão, pelo menos enquanto a minha tablete de chocolate abdominal não estiver restabelecida. Neste momento está somente derretida. Seria catastrófico para a minha reputação, aliar uma minoração genitália e um derretimento abdominal.

Também sei que o mau tempo é necessário e uma peça fundamental no bom funcionamento dos ecossistemas, mas eu passo bem sem ele. É verdade que as mudanças climatéricas são importantes na sua preservação. Eu sei que alguns insectos prejudiciais ao desenvolvimento de algumas culturas são erradicados com o auxílio das baixas temperaturas (e este foi o momento BBC Vida Selvagem), mas como disse, o meu ecossistema está bem sem elas. A única bicharada que afecta o meu terreno orgânico, não contando com o caruncho biológico, é a cabra, mas a alcoólica. Eu não tenho nada contra o bicho em si. Agora a outra. Essa sim. Essa mexe com o meu ecossistema e consegue deixar-me indisposto.

Com isto tudo, não expliquei o que é uma verdadeira tempestade. E o que é? É mau tempo, mas mesmo mau, não aquele mau que é bom, porque o bom é mau para quem não gosta. Não sei porquê, mas acho que o clima está a afectar o meu raciocínio.

O Cronista da Parvoíce © 2018

terça-feira, 11 de setembro de 2018

A Conversão Amistosa

Desafio do João Flor e Tiago Cabecinhas

Premissa: Como fazer amigos…

Palavras Impostas: Televisão, Smart Router, vagina, casa, tapete e orfeão.

Nunca te aconteceu parar e pensar na resolução dos maiores mistérios deste mundo? Questões tão pertinentes quão enigmáticas, tais como: Porque é que a palavra “grande” é menor do que a palavra “pequeno”? Porque é que quando na televisão vês filmes de batalha espaciais com explosões excessivamente barulhentas, se o som não se propaga no vácuo? Ou porque é que a água mineral que corre pelas montanhas durante séculos tem uma data para consumo? Ou até mesmo, porque é que as torradeiras têm sempre uma opção para uma temperatura tão alta que queima as torradas todas? Se já te aconteceu, tens de arranjar amigos e urgentemente. E quanto mais melhor! Sempre ouvi dizer que duas cabeças pensam melhor de que uma. Aposto que a vários vão encontrar as respostas que procuram. 

Eu também pensava muito nessas coisas, e passava muito tempo a discutir essas temáticas como o meu amigo João. A verdade é que as nossas tertúlias nunca foram muito produtivas, o gajo não falava muito. Mas quando era noites de bebedeiras não se calava. Pensando nisso, o gajo só aparecia quando eu estava embriagado ou depois de me aromatizar com fumos exóticos. Pior parecia que sabia sempre onde eu estava. Um verdadeiro stalker. Já não se fazem amigos imaginários como antigamente. Ainda tive o Tiago, grande amigo, mas curiosamente, depois de tomar frequentemente a medicação nunca mais o vi. É triste, basta tomar uns medicamentos da treta e, do nada, uma amizade é varrida por baixo do tapete. 

Eu sou um verdadeiro crente no que toca a amizade. Sempre que conheço alguém, mentalizo-me que aquela pessoa vai ser um amigo fantástico. Nesses encontros fortuitos, interiorizo uma palavra-chave, a minha palavra-chave que é uma espécie de guia amistosa. No aproximar de um potencial amigo, essa palavra mágica entoa na minha cabeça. Mas afinal qual é essa palavra? VAGINA. Para mim vagina é sinonimo de felicidade, como o deveria ser para qualquer pessoa, porque solto um vagina é porque “vou agora ganhar um(a) incrível novo(a) amigo(a)” (v.a.g.i.n.a.) e quanto mais quero ser amigo dessa pessoa, mais a uso, e por vezes em voz alta. Como se sofresse de uma Síndrome de tourette vagino-amistoso. Mas infelizmente, sou frequentemente mal interpretado pelos meus potenciais futuros amigos. Foi o que aconteceu com a Diana. Durante o nosso café, diga-se de passagem, que estranhei ela ter aceite o convite, disse vagina várias vezes, mas sem ela se aperceber. Só que o drama aconteceu, de tão contente que eu estava por estar a alicerçar um relacionamento amistoso duradouro, não consegui evitar o soltar de um "VAAAAGIIIINAAAA". Ela levantou-se e nunca mais a vi. Até hoje. Aproveito... Diana... Se estás a ler isto... Ainda me deves 65 cêntimos do café. 

Ainda hoje penso na Diana, e na falta que aqueles 65 cêntimos me fazem. Eu sei que não são nenhuma fortuna. Mas imaginem que aquilo acontece outra vez. Fico com um prejuízo de 1,30€. Eu sou muito amistoso, mas não posso andar aí a gastar dinheiro à toa. Tenho contas para pagar. A assinatura da Playboy não se vai pagar sozinha. A verdade é que aquilo aconteceu, fez-me perceber que a minha conversão amistosa não estava tão boa como pensava, e que tinha imperativamente de melhora-la. Se um simples vagina afugenta possíveis amigos, algo está mal. Foi por isso que procurei ajuda junto de quem percebe do assunto: o Wikipédia. Já agora um reparo aos Jeovás das Telecomunicações que vão de casa em casa a pregar a boa nova das internetes. Parem de enganar as pessoas com a essa coisa do smart router, é que o meu de esperteza não tem nada. Uma vez perguntei-lhe as horas e ele nem foi capaz de me responder. 

Sabes o que também pode ajudar na obtenção de amigos? Ser musicalmente instruído! Ou seja, saber tocar um instrumento, mas um de verdade. Uma viola, guitarra, saxofone, qualquer um. Menos aquela treta que tínhamos na escola. Como é que aquilo se chamava? Sempre que tocava, e tocar é uma palavra forte, morria um cão nas redondezas de tão mau e agudo era o som que produzia. Não me lembro mesmo do nome daquilo! Já sei! O famoso pífaro! Não! Aquilo tinha outro nome. Não tínhamos aulas de pífaro, eram aulas de… flauta de bisel. É isso! Já agora, tenho uma curiosidade. Aquilo servia mesmo para quê? Algum de vocês se tornou flautista de bisel profissional? Será que há aulas disso no orfeão? 

Na internet encontrei algumas dicas interessantes. Se fiz mais amigos? Não, mas agora sei que há coisas que não se podem fazer se queremos ter amigos. Tais como não falar sozinho! Porque se falas sozinho pareces um maluquinho e as pessoas não gostam de maluquinhos. Só se elas mesmo foram maluquinhas, mas as maluquinhas não precisam de amigos visto que falam sozinhas. E se falas sozinho não precisas de sair de casa. E se não sais de casa não precisas de amigos. A não ser que o teu melhor amigo seja um cão ou um gato…. Pensando melhor continuas a falar sozinho porque esses animais não falam. Se algum dia ouvires uma resposta, que não seja um ladrar ou um miar, aumenta a dose da medicação. 

O que ajuda realmente é falares com pessoas. Como aquela que está a passar neste preciso momento… “VAAAAGIIIINAAAA”… Onde é que vais? Não fujas! 

O Cronista da Parvoíce © 2018